Já meditou, alguma vez, o mistério das mãos?
Prestam-se para gestos altamente construtivos.
Mãos juntas, acompanhando a oração: penso de modo especial, em mãozinhas de crianças que a jovem mãe junta quando ensina a rezar, e as mãos trêmulas dos velhinhos, que pedem para seus filhos e netos ausentes...
Mãos do cirurgião, que salvam vidas... basta recordar a perícia com que manejam cérebros e corações...
Mãos calejosas de trabalhadores, quase sempre mal remuneradas.
Mãos ágeis dos datilógrafos que batem um número incrível de batidas por minuto.
Mãos de músicos, que nos deleitam, nos transportam bem além do tempo e do espaço.
Mãos que espalham sementes que se tornam alimento, e sementes de amor, de esperança e de paz.
Mãos de pintores e escritores, que se esforçam para não trair os sonhos de beleza que se aninham no pensamento e no coração de artistas.
Mãos dos linotipistas que compõem os jornais com a síntese do dia em que estamos vivendo.
Mãos de técnicos de rádio, TV, cinema, que nos permitem viver, de hora em hora os grandes acontecimentos de qualquer parte do mundo.
Mãos que acariciam: mãos de mães, mãos de namorados, mãos de esposos...
Seria fácil continuar a enumeração.
Mas é importante recordar também que as mãos humanas, capazes de tanta grandeza e de tanta beleza, espalham igualmente a desolação e a morte.
Há mãos que se fecham, egoístas e avaras.
Há mãos que se encrespam, cheias de ódio, chegando, às vezes, ao extremo de ferir e matar.
Há mãos que fecham a porta a quem necessita entrar, merece entrar.
Há mãos preguiçosas, e que transferem para outros o trabalho que lhes compete fazer.
Há mãos que roubam dos ricos e dos pobres também.
Há mãos que seqüestram pessoas.
Há mãos que trabalham, jogam bombas arrasadoras, inclusive bombas que queimam as crianças vivas...
que são uma ameaça permanente de extermínio da vida sobre a Terra.
Cristo, na tua Encarnação, na tua vida mortal, usaste tuas mãos admiráveis...
Elas passaram fazendo o bem.
Que nossas mãos estejam sempre a serviço do Bem e da Beleza.
Que nossas mãos, à imitação das Tuas, sejam semeadoras de tranqüilidade, de esperança, de amor e de paz.
D. Hélder Câmara