Capítulo 1
O
início do ano de 2012 foi muito feliz. Eu e meu filho fizemos três viagens nessas
férias. A primeira foi para a casa de veraneio dos meus pais. A segunda, para
um hotel fazenda com um dos meus irmãos e os filhos dele. E a última, para a
região dos lagos na casa do pai do meu filho. Foi um mês em que não pensei em
nada a não ser relaxar, brincar e viver. Acreditava que aquela energia boa e
sadia das férias iria afastar alguns medos do passado.
Desde
meados de 2011, já sentia que um pensamento queria me tirar a paz. A primeira
vez que ele apareceu, era uma noite qualquer de julho e eu estava sentada no
sofá da minha casa. Tinha nas mãos um livro espírita para ler. De repente, como
se fosse um ratinho cruzando o corredor à minha frente, rápido e ligeiro,
percebi um pensamento passando na mesma velocidade pela minha cabeça. Mas, não só
o percebi, como também o observei sentada, ali de onde estava, e fiquei alguns
segundos pensando sobre ele. Não achei respostas. Era uma frase só. Apenas uma
frase que correu pela minha frente sem se preocupar se daria tempo de vê-la.
Mas eu a vi. A li. Essa frase, achei-a inoportuna para o momento. Inapropriada.
Fora de propósito. E sendo assim, ignorei-a. Simplesmente a deixei ir embora
sem me preocupar se ela seria de novo vista.
Três
meses depois ela passou de novo pela minha frente. Lembrei da primeira vez que
ela veio. Eu estava no mesmo lugar, na mesma hora noturna. Novamente, tomei a
mesma atitude. Deixei-a ir sem me preocupar. Mas, no fundo, eu sabia que se lhe
desse importância, ela não iria embora assim tão fácil como fora na primeira
vez. Ela ficaria tatuada na minha tela mental e me atormentaria a vida. Então,
não pensei sobre ela. E não queria saber o porquê de ela estar me rondando.
Disse para mim mesma que era uma assombração, um fantasma flanando sozinho e
sem intenção de assustar ninguém. Só que dois meses depois, ela voltou e desta
vez, fez uma pausa. Essa pausa, eu a senti dentro de mim. Foi um frio que
correu meu corpo da cabeça aos pés. Três vezes, pensei, é para eu me preocupar.
Já estava na hora de abrir os olhos. A partir daí, fiquei atenta caso ela
aparecesse outra vez. Vieram as férias, eu relaxei e a frase sumira. No
entanto, bastaram as férias acabarem e eu retornar ao trabalho para que ela
voltasse. E, agora, com mais frequência. Então, no ano de 2012, logo após as
férias, a frase passou a vir duas vezes por mês. No meio do ano, passou para
três vezes. E já em dezembro, chegou a uma vez por semana.
A
frase me dava medo. E cada vez que tentava entendê-la não encontrava explicação
para sua existência. Não fazia sentido. Passei a me odiar por isso. Tive medo
de enfrentá-la porque não sabia como lidar com ela. Não encontrava espaço na
minha vida em que ela fizesse algum sentido. Mas ela estava lá me acompanhando
silenciosamente e se aproximando de mim lentamente. Comecei a me sentir culpada
porque se ela está no meu encalço é por algo que tenha a ver comigo. Da culpa
veio o medo da frase ser uma verdade. Do medo, veio a angústia dessa possível
verdade mental se tornar um perigo real, físico. E da angústia em não conseguir
me livrar dela, em não saber como lidar com ela abertamente, veio a ansiedade.
Até que um dia, sem esperar, o desespero tomou conta de mim e comecei a
transbordar fragilidade para onde quer que eu fosse.
Eu
estava consciente de que essa frase não era minha e não tinha saído da minha
cabeça. Ao mesmo tempo, por desconhecimento, pensei que poderia estar enganada.
A frase poderia ser meu próprio pensamento aprisionado no meu inconsciente. Um
possível desejo que estaria querendo negar a mim mesma. Mas como discernir frente
ao medo da verdade e a culpa em não a enfrentar? Talvez uma sessão de hipnose
pudesse me fazer encontrar essas respostas. Procurei marcar logo uma consulta
com um terapeuta que fosse especializado nessa prática. A primeira coisa que me
disse, quando contei sobre a frase que viera a mim, foi que ela não era minha.
Era um pensamento que não era meu. Eu fiquei aliviada, mas quis saber, então,
de quem era. O terapeuta era espírita e sua resposta foi sucinta: são de
espíritos que estão por toda parte. Eu fiquei um pouco confusa com esta
revelação. Sei que existem, mas não penso que estejam ao meu redor o tempo
todo. Acreditar que são espíritos que estão à minha volta soprando frases, me
deixou arrepiada. Eu não queria acreditar nessa versão, mas, ao mesmo tempo, me
confortava. Afinal, tirava de mim o peso da frase que me perturbava. Era melhor
deixar que as coisas fluíssem e ir descobrindo aos poucos se isso tinha
fundamento ou não.
Começamos
um tratamento que durou seis meses. Durante os cinco primeiros meses nos
preparamos para a sessão de hipnose, conversando muito sobre tudo o que me
afligia e como eu me sentia. A aflição que não conseguia me desligar tinha a
ver com aquela frase que eu não queria lembrar e que não tinha coragem de
revelar para ninguém. No entanto, o terapeuta não se prendeu a ela para
trabalhar nas consultas. Como essa frase não era um pensamento meu, isso já
estava esclarecido, não havia por que continuarmos falando sobre ela. Eu
respeitei o posicionamento dele e acreditei que era assim que tinha que ser. E
que era assim que essa frase iria sumir de vez da minha vida.
Finalmente, chegamos a um sentimento que
expressava o que estava mais forte em mim naquele momento: culpa. Eu tinha um
sentimento de culpa dentro de mim que não sabia explicar de onde vinha. Sem
encontrar razões ou motivos aparentes para essa culpa, resolvemos fazer a
hipnose a partir dela. Eu procuraria me deparar com aquele sentimento que me
afligia e assim encontrar a sua origem na minha vida. Podia ter uma origem
física, moral, emocional ou espiritual, não importa. Mas ela estaria sendo
deflagrada nessa abordagem.
Por
meio do relaxamento e da orientação do terapeuta, eu entraria num estado
ampliado de consciência para ter acesso a um conteúdo mais profundo de mim
mesma. Esse conteúdo pode vir simbolizado através de uma vivência na hipnose,
que, dependendo da crença do paciente, pode ser uma memória de vida passada
dele. E eu estava ansiosa por isso. Mas o sentimento que identificamos em mim,
culpa, não me parecia ser a causa daquele pensamento que me incomodava. Ele não
era meu e, no entanto, estava me perseguindo. Por quê?
No
início da sessão de hipnose, fiquei recostada na poltrona e o
terapeuta foi me orientando. Eu fiquei de olhos fechados enquanto ele começava
a fazer a caminhada. Onde você está? Minha mente não conseguia divagar ao seu
comando. Eu estava ainda entre as quatro paredes do consultório. O que você
está vendo? O que você está sentindo? Tem alguém com você? Olhe para o seu lado
direito, o que você vê? Ele fazia várias perguntas. Minhas respostas não saíam
da mesmice. Eu não estou vendo nada. Não consigo sentir. Eu achava que seria
mágico. Que era só fechar os olhos e veria tudo. Veria um cenário, outras
pessoas, alguns comportamentos e enfim, meu sentimento de culpa. Mas estava
difícil. Não é algo fácil. Até que cansada e com vontade de abrir os olhos e ir
embora, resolvi encarar essa vivência como um exercício de imaginação. Vou
falar qualquer coisa que me venha à mente, pensei. E assim, para a minha surpresa,
a vivência aconteceu. Eu estava desconfortável no início, mas depois, imaginar
antes de dizer o que estava vendo, funcionou. As imagens foram fluindo e
consegui abrir esse portal da hipnose. Entretanto, acho que cada um deve forjar
a sua própria chave para abri-lo. No meu caso, foi usar a imaginação primeiro
sem me preocupar se o que eu fosse falar era certo ou errado. Se era real ou
imaginário.
Ainda
de olhos fechados, comecei a direcionar minha visão interna para instigar a
imaginação. Fui eu mesma guiando minha atenção internamente e procurando me
situar. Estou num lugar escuro (de olhos fechados, estava realmente tudo
escuro) mas se virar os olhos para baixo, o que será que vejo? Se estivesse de
olhos abertos, veria meus pés. Então, respirei fundo e virei os olhos para
baixo, no escuro em que me encontrava. E comecei a entrar no jogo a que me
propus. Visualizei uma pessoa em pé na qual tentava ver e sentir o que estava
acontecendo com ela. Imaginei-a abaixando a cabeça na mesma hora em que eu
virava meus olhos para baixo. Tentava ver com seus olhos e sentir com seu
coração. Tentava me colocar dentro de seu corpo.
Primeiro
respondi à minha própria pergunta, o que vejo? Abri os olhos, na imaginação, e
minha mente disse: vejo meus pés. Depois, fui respondendo às perguntas do
terapeuta. Essa pessoa é você? Sim, sou eu, disse-lhe. Nesse momento, percebi
que minha mente induzia a minha fala, mas ela seguia um cenário que me
inspirava. Se de início era minha imaginação, aos poucos foi parecendo
verdadeiro. Um real que eu poderia chamar de biovirtual
[2]. Procurei ver e sentir o que
estava acontecendo com aquela pessoa que eu visualizava. Ou seja, eu tentava
ser ela, estar no corpo dela, olhar com os olhos dela e sentir com o coração
dela. Ler seus pensamentos foi aos poucos criando um roteiro que ressoou com
minha vida. Com meus medos, meus desafios atuais. Cheguei a um momento que não
precisava mais usar a imaginação. As respostas fluíam. Eu não estava
improvisando. Eu estava sentindo como era ser e viver no corpo daquela mulher
que imaginara no início. Então, a partir de agora, vou falar como se eu fosse
ela.
Eu
era uma mulher de quase 30 anos e usava uma roupa surrada, gasta com o passar
do tempo. Parecia uma camponesa, mas vivia numa cidade rústica de uns três
séculos atrás. Eu estava na sala de uma casa que não era minha. Era um lugar
que eu devia me preocupar porque era uma casa sem dono, mas que uma gangue a
ocupava todas as noites. Essa gangue costumava intimidar as pessoas e a agir
sem piedade. Sim, era uma gangue que também matava os outros por qualquer
motivo. Ela dominava as ruas. O poder local não atuava. Era como se essa cidade
vivesse sem guardas. Sem leis. À mercê dos mais fortes. Então, por que eu
estava ali se era perigoso? O que estava fazendo ali? Eu estava na frente de um
homem. Ele era mais alto do que eu. Era um homem com valores muito fortes e
rígidos. Ele era inflexível. Eu estava implorando para ele sair dali comigo.
Mas estava determinado a ficar na casa esperando a gangue chegar. Eu dizia que
ele iria morrer. Chorei pedindo a ele para mudar de ideia. Ele não se
compadeceu do meu choro, do meu desespero. Aquela não era a melhor forma de
resolver o assunto, eu dizia para ele. Mas que assunto, o terapeuta perguntou.
A gangue matara o irmão mais novo dele. E estava lá para tirar satisfação,
cobrar, se vingar, honrar a morte do irmão que não pudera proteger. Eu dizia a
ele que a morte também seria o seu fim. Mas estava determinado. Irredutível.
Meu
choro era um choro de culpa. E aí encontro o sentimento de culpa que gerou essa
vivência. Por que esse sentimento, pergunta o terapeuta. Respondo que havia
descoberto que o chefe da gangue havia assassinado o irmão daquele homem que
estava à minha frente. Eu que contara para ele que o motivo da morte do seu
irmão fora por drogas que comprara da gangue e não pagara. Então, estava me
sentindo culpada por haver contado a verdade e este homem iria morrer por minha
causa. Minhas palavras o levariam para a morte, por isso, o meu desespero.
E
este homem à sua frente, o que ele é seu, pergunta o terapeuta.
Olhei
para aquele homem à minha frente e não consegui sentir amor. Ao mesmo tempo,
ele era um companheiro de vida. Daquela vida. Não era um parente de sangue, mas
era alguém que vivia ao meu lado. Tínhamos uma vida em comum. Mas não tinha
amor por ele. Penso hoje, que a questão do amor, se é que existia, tenha se
apequenado pela iminência do risco de vida que ele corria naquele momento ser
maior do que tudo. E, na vivência, a emoção mais forte teria prevalecido.
Diante da resistência dele, só tinha uma coisa a fazer: ir embora. Eu não
queria ir, mas o tempo estava se esgotando. Tampouco podia ficar porque se
ficasse, antes que me matassem, iria sofrer muita violência. Mesmo sentindo
culpa, me afastei. E já a poucos metros afastada, como se já estivesse no outro
lado da rua, vejo a gangue chegando. Era uma turba. Homens brutos. Estúpidos.
Assassinos. E eles entraram na casa. E eu senti que nada mais podia ser feito.
Sinto que não fiquei lá muito tempo pois tinha medo de ver o que previra.
Acreditando já estar feito o que temia, fui embora. Ele morrera, pensei.
O
terapeuta pergunta: e o que aconteceu depois?
O
dia tinha amanhecido e eu estava a andar pela cidade quando vejo algumas
pessoas juntas ao redor de um corpo estendido no chão. Me aproximo e constato
que era o homem que eu tentara impedir que se lançasse à morte na noite
anterior. Era ele. Acabara tudo. Estava morto. E alguém pergunta entre as
pessoas que estavam ali, quem era este homem, alguém o conhecia? Imediatamente
lembrei que a verdade matara o homem que era o único naquela vida com quem eu
vivia. Não consegui dizer quem ele era. Outra verdade não poderia sair de minha
boca. Seria mais um veneno a matar outro semelhante. Então, me calei diante da
verdade. Omitir seria mais fácil. Dizer a verdade doía pois implicava na morte
de alguém.
Nesse
momento da vivência, ressoou em mim um sentimento forte de me calar quando sou
confrontada com uma verdade, na minha vida. Era algo que já tinha percebido no
meu cotidiano e que, nesse momento da vivência, estava sentindo o medo com toda
a sua intensidade. Foi uma sincronia de sentidos da minha vida atual com a
vivência. Meu medo atual se encaixou na história que estava narrando e deu um
sentido de existência a ele. O medo de falar a verdade era uma realidade minha.
O medo de falar a verdade na vivência, não só doía como implicava em morte. Um
medo despertava o outro e eu queria dizer isso na hora em que estava sentindo
para o terapeuta, mas não consegui expressar em palavras. Lembro de ter a
sensação, naquele momento, de ser julgada por mim mesma se a verdade deveria
ser mesmo proferida, posto que ela machucava as pessoas. E eu não queria
machucá-las. Me senti injusta com aquele homem estirado no chão e arrependida
pelo que acabara de fazer, me calar.
Com
o coração doendo, diante da cena em que me omiti, dei dois passos para trás e
me afastei. Comecei a andar sem rumo. Não tinha lugar para ir ou que quisesse
ficar. Não tinha mais vontade de viver. Estava triste, sem ânimo, sem vida. E a
caminhada não terminava. Eu andava dia e noite. Alguns dias depois, já cansada,
sem comer, sem beber e sem rumo, parei no meio de uma ponte. Embaixo corria um
rio e ele me chamava. Acreditei que se me deixasse levar pelo chamado do rio,
que se fechasse os olhos e inclinasse meu corpo fraco e debilitado em sua
direção, eu encontraria um alento. Novamente, sinto ressoar dentro de mim os
sentimentos que estava descrevendo na vivência. Eu já tinha passado por
momentos na vida em que me sentia sem rumo, sem ânimo e a primeira saída que
pensava era se a morte me caía bem naquela hora. A angústia e a solidão que
pensamentos suicidas provocam invadiram meu peito e eu quis chorar.
Imediatamente, procurei focar minha atenção na história da vivência. Então, já
me vendo nela, sem muito pensar, porque já não existia razão para viver, deixei
o corpo ser levado para baixo e caí no rio. Não ofereci resistência à água.
Deixei-me afogar. Senti a água entrando pelo meu nariz e aos poucos invadindo meus
pulmões. Eu não tinha forças para reagir. Fui afundando e sendo levada por uma
correnteza suave e fria. Me vi perto de peixes. Eles esbarravam em mim. Peixes
vivos e mortos. A textura de suas peles me incomodava. O cheiro deles, das
algas e de tudo que estava debaixo da água me enjoava.
E
agora, pergunta o terapeuta, valeu a pena?
Não,
respondo. Não valeu ter me deixado cair da ponte. Eu o fiz sem pensar muito. Eu
simplesmente estava sem sentir nada pela vida. Sem sentir nada dentro de mim.
Talvez já estivesse morta e só queria encontrar um lugar para ficar. Eu me
deixei levar para dentro do rio e o homem que tentei impedir que morresse,
consigo visualizá-lo como espírito à espera do meu desencarne. Consigo sentir
seus pensamentos. Ele me viu morrendo vitimada pela sua própria resistência em
não atender ao meu pedido para fugir comigo daquela casa. Ele também viu que a
irredutibilidade dele não lhe trouxe alento. Morreu por uma causa, mas esta
causa já estava perdida pois o que o acometia era o seu orgulho. E esse mesmo
orgulho não tirou só a sua vida, mas a minha vida também. Eu caí no rio me
sentindo culpada e minha culpa maior foi descobrir que dentro de mim crescia
uma vida. Vida esta que também tirei sem saber de sua existência. Só mais
tarde, no desencarne, como espírito, quando abri os olhos diante do cenário que
me acometeu, descobri que a verdade que proferi matou três pessoas.
Nessa
hora, eu queria muito chorar porque era isso que meu corpo pedia, mas fiquei
com vergonha de fazê-lo na frente do terapeuta. Então, segurei minhas lágrimas
e esperei o seu comando para finalizar a vivência. Ele ainda me perguntou se eu
queria voltar a essa vivência uma outra vez. Respondi-lhe que não. Eu queria
sair daquela situação. Mais um pouco e iria cair em prantos. Precisava sair
dali correndo para entender tudo o que vivera naquela última hora. Foram muitas
emoções, mas naquele momento não consegui expressar tudo o que estava
acontecendo dentro de mim.
A
vivência que começara como um jogo de imaginação me surpreendeu. Ela foi capaz
de me levar a uma história que me tocou profundamente. Que mexeu com
sentimentos que carregava nessa vida atual. A culpa, o medo de dizer a verdade
por mais verdadeira que fosse, o desânimo pela vida, a vontade de findá-la e a
repulsa por alimentos que viessem da água como peixe, crustáceos e mariscos.
Saí confusa da sessão. Será que criei toda a história para justificar meus
próprios sentimentos, medos e angústias ou será que esta história foi uma vida
passada que tive? Tudo ressoou dentro de mim. E ainda, aquela frase que outrora
me atormentava, agora estava calada. Diminuída diante de tantas emoções que
acabara de viver.
Nas
sessões seguintes me convenci de que o que eu estava passando era algo
orgânico. Havia entrado na menopausa muito cedo e isso devia estar fazendo um
estrago no meu organismo. Aquele pensamento que fora o motivo pelo qual
procurei fazer uma hipnose, não era meu. Se era de algum espírito, não sei, mas
me convenci de que não era meu e que jamais se encaixaria na minha vida. E a
vivência, não tinha nada a ver com aquele pensamento. Então, pensei, se meu
problema era orgânico, não tem por que continuar procurando explicações no meu
inconsciente ou em regressão de memórias. Vou me tratar com um médico, deduzi.
E terminei a terapia poucas consultas depois daquela vivência.