segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Volta de Laura


(...) Sorriu a senhora Laura, parecendo mais encorajada, e asseverou:

– Tenho solicitado o socorro espiritual de todos os companheiros, a fim de manter-me vigilante nas lições aqui recebidas. Bem sei que a Terra está cheia da grandeza divina. Basta recordar que o nosso Sol é o mesmo que alimenta os homens; no entanto, meu caro Ministro, tenho receio daquele olvido temporário em que nos precipitamos. Sinto-me qual enferma que se curou de numerosas feridas... Em verdade, as úlceras não mais me apoquentam, mas conservo as cicatrizes. Bastaria um leve arranhão, para voltar a enfermidade.

O Ministro esboçou o gesto de quem compreendia o sentido da alegação e revidou:

– Não ignoro o que representam as sombras do campo inferior, mas é indispensável coragem e caminhar para diante. Ajuda-la-emos a trabalhar muito mais no bem dos outros, que na satisfação de si mesma. O grande perigo, ainda e sempre, é a demora nas tentações complexas do egoísmo.

– Aqui - tornou a interlocutora sensatamente -, contamos com as vibrações espirituais da maioria dos habitantes educados, quase todos, nas luzes do Evangelho Redentor; e ainda que velhas fraquezas subam á tona de nossos pensamentos, encontramos defesa natural no próprio ambiente. Na Terra, porém, nossa boa intenção é como se fora bruxuleante luz num mar imenso de forças agressivas.

– Não diga isso - atalhou o generoso Ministro -, não dê tamanha importância às influências das zonas inferiores. Seria armar o inimigo para que nos torturasse. O campo das idéias é igualmente campo de luta. Toda luz que acendermos, de fato, na Terra, lá ficará para sempre, porque a ventania das paixões humanas jamais apagará uma só das luzes de Deus.

A senhora pareceu agora ver tudo mais claro, em face dos conceitos ouvidos; mudou radicalmente a atitude mental e falou, cobrando novo alento:

– Estou convencida, agora, de que sua visita é providencial. Precisava levantar energias. Faltava-me essa exortação. É verdade: nossa zona mental é campo de batalha incessante. É preciso aniquilar o mal e a treva dentro de nós mesmos, surpreendê-los no reduto a que se recolhem, sem lhes dar a importância que exigem. Sim, agora compreendo.

Genésio sorriu satisfeito e acrescentou:

– Dentro do nosso mundo individual, cada ideia é como se fora uma entidade à parte... É necessário pensar nisso. Nutrindo os elementos do bem, progredirão eles para nossa felicidade, constituirão nossos exércitos de defesa; todavia, alimentar quaisquer elementos do mal é construir base segura para os nossos inimigos verdugos. (...)


Livro: Nosso Lar, pelo espírito André Luiz, de Francisco Candido Xavier.

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