(...) – Nem sempre sabemos interpretar o que seja benefício, no capítulo da
riqueza transitória. Se o senhor assegurasse o futuro dos nossos,
garantindo-lhes a tranquilidade moral e o trabalho honesto, seu esforço seria
de valiosa previdência; mas, às vezes, papai, costumamos amealhar o dinheiro
por espírito de vaidade e ambição. Querendo viver acima dos outros, não nos
lembramos disso, senão nas expressões externas da vida. São raros os que se
preocupam em ajuntar conhecimentos nobres, qualidades de tolerância, luzes de
humildade, bênçãos de compreensão. Impomos a outrem os nossos caprichos,
afastamo-nos dos serviços do Pai, esquecemos a lapidação do nosso espírito.
Ninguém nasce no planeta simplesmente para acumular moedas nos cofres ou
valores nos bancos. É natural que a vida humana peça o concurso da previdência
e é justo que não prescinda da contribuição de mordomos fiéis, que saibam
administrar com sabedoria; mas ninguém será mordomo do Pai com avareza e
propósitos de dominação. Tal gênero de vida arruinou nossa casa. Debalde,
noutro tempo, busquei levar socorro espiritual ao ambiente doméstico. Enquanto
o senhor e mamãe se sacrificavam por aumentar haveres, Amália e Cacilda
esqueceram o serviço útil e, como preguiçosas da banalidade social, encontraram
ociosos que as desposaram, visando a vantagens financeiras. Agenor repudiou o
estudo sério, entregando-se a más companhias. Edelberto conquistou o título de
médico, alheando-se por completo da Medicina e exercendo-a tão-somente de longe
em longe à maneira do trabalhador que visita o serviço por curiosidade. Todos
arruinaram belas possibilidades espirituais, distraídos pelo dinheiro fácil e
apegados à ideia de herança. (...)
Livro: Nosso Lar, pelo espírito André
Luiz, de Francisco Candido Xavier.
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