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Tais elucidações confortavam-me sobremaneira. Percebendome a satisfação íntima, Lísias interveio, acentuando:
– Tudo se equilibra no amor infinito de Deus e, quanto mais evolvido o ser criado, mais sutil o processo de alimentação. O verme, no subsolo do planeta, nutre-se essencialmente de terra. O grande animal colhe na planta os elementos de manutenção, a exemplo da criança sugando o seio materno. O homem colhe o fruto do vegetal, transforma-o segundo a exigência do paladar que lhe é próprio e serve-se dele à mesa do lar. Nós outros, criaturas desencarnadas, necessitamos de substâncias suculentas, tendentes à condição fluídica, e o processo será cada vez mais delicado, à medida que se intensifique a ascensão individual.
– Não esqueçamos, todavia, a questão dos veículos - acrescentou a senhora Laura -, porque, no fundo, o verme, o animal, o homem e nós dependemos absolutamente do amor. Todos nos movemos nele e sem ele não teríamos existência.
– É extraordinário! - aduzi, comovido.
– Não se lembra do ensino evangélico do "amai-vos uns aos outros"? - prosseguiu a mãe de Lísias atenciosa - Jesus não preceituou esses princípios objetivando tão-somente os casos de caridade, nos quais todos aprenderemos, mais dia menos dia, que a prática do bem constitui simples dever. Aconselhava-nos, igualmente, a nos alimentarmos uns aos outros, no campo da fraternidade e da simpatia. O homem encarnado saberá, mais tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal - patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo - constituem sólidos alimentos para a vida em si. Reencarnados na Terra, experimentamos grandes limitações; voltando para cá, entretanto, reconhecemos que toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente espiritual. Formam-se lares, vilas, cidades e nações em obediência a imperativos tais. (...)
Livro: Nosso Lar, pelo espírito André
Luiz, de Francisco Candido Xavier.
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