Aquela melodia renovava-me as energias profundas. Levantei-me
vencendo dificuldades e agarrei-me ao braço fraternal que se me estendia. Seguindo
vacilante, cheguei a enorme salão, onde numerosa assembleia meditava em
silêncio, profundamente recolhida. Da abóbada cheia de claridade brilhante,
pendiam delicadas e flóreas guirlandas, que vinham do teto à base, formando
radiosos símbolos de Espiritualidade Superior. Ninguém parecia dar conta da
minha presença, ao passo que mal dissimulava eu a surpresa inexcedível. Todos
os circundantes, atentos, pareciam aguardar alguma coisa. (...)
Obedecendo a processos adiantado de televisão, surgiu o cenário
de templo maravilhoso. Sentado em lugar de destaque, um ancião coroado de luz
fixava o Alto, em atitude de prece, envergando alva túnica de irradiações
resplandecentes. No plano inferior, setenta e duas figuras pareciam acompanha-lo
em respeitoso silêncio. (...)
As setenta e duas figuras começaram a cantar harmonioso
hino, repleto de indefinível beleza. A fisionomia de Clarêncio, no círculo dos
veneráveis companheiros, figurou-se tocada de mais intensa luz. O cântico celeste
constituía-se de notas angelicais, de sublimado reconhecimento. pairavam no
recinto misteriosas vibrações de paz e de alegria e, quando as notas argentinas
fizeram deliciosos staccato, desenhou-se ao longe, em plano elevado, um coração
maravilhosamente azul(1), com estrias douradas. Cariciosa música em seguida,
respondia aos louvores, procedente talvez de esferas distantes. Foi aí que
abundante chuva de flores azuis se derramou sobre nós; mas, se fixávamos os
miosótis celestiais, não conseguíamos detê-los nas mãos. As corolas minúsculas desfaziam-se
de leve, ao tocar-nos a fronte, experimentando eu, por minha vez, singular
renovação de energias ao contato das pétalas fluídicas que me balsamizavam o
coração. (...)
(1). Imagem simbólica formada pelas vibrações mentais dos
habitantes da colônia.
Livro: Nosso Lar, pelo espírito André Luiz, de Francisco Candido Xavier.
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