Do Livro dos Espíritos: Livro II : Mundo Espírita ou dos Espíritos - Capítulo 2 – Encarnação dos Espíritos.
II – Da Alma.
137. O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?
— Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes. (Ver, em O Livro dos Médiuns, o capítulo Bicorporeidade e transfiguração.)
138. Que pensar da opinião dos que consideram a alma como o princípio da vida material?
— Simples questão de palavras, com a qual nada temos. Começai por vos entenderdes.
139. Alguns Espíritos, e antes deles alguns filósofos, assim definiram a alma: Uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?
— Não há contradição: tudo depende da significação das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?
Comentário de Kardec: A palavra alma é empregada para exprimir as coisas mais diferentes. Uns chamam alma ao principio da vida, e nessa acepção é exato dizer figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras se referem à fonte universal do principio vital, em que cada ser absorve uma porção, que devolve ao todo após a morte. Esta idéia não exclui absolutamente a de um ser moral, distinto, independente da matéria, e que conserva a sua individualidade. É a este ser que se chama igualmente alma. e nesta acepção pode dizer-se que a alma é um Espírito encarnado. Dando da alma diferentes definições, os Espíritos falaram segundo as aplicações que faziam da palavra e segundo as idéias terrestres de que estavam ainda mais ou menos imbuídos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não tem um termo para cada idéia, o que acarreta uma multidão de mal-entendidos e discussões. Eis porque os Espíritos superiores dizem que devemos, primeiro, nos entendermos quanto às palavras(1).
140. Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma às diferentes funções do corpo?
- Isso também depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se se entende o Espírito encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir.
140 – a) Não obstante, há Espíritos que deram esta definição.
— Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
Comentário de Kardec: A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos de movimento. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma como sendo o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa com a morte.
141. Há qualquer coisa de certo na opinião dos que pensam que a alma é externa e envolve o corpo?
— A alma não está encerrada no corpo como o pássaro numa gaiola. Ela irradia e se manifesta no exterior, como a luz através de um globo de vidro ou como o som ao redor de um centro sonoro. É por isso que se pode dizer que ela é exterior, mas não como um envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: um, sutil e leve, o primeiro, que chamamos perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é o corpo. A alma é o centro desses envoltórios, como a amêndoa na casca, já o dissemos.
142. Que dizer dessa outra teoria, segundo a qual, na criança, a alma vai se completando a cada período da vida?
— O Espírito é apenas um: inteiro na criança, como no adulto; são os órgãos, instrumentos de manifestação da alma, que se desenvolvem e se completam. Isto é ainda tomar o efeito pela causa.
Esse é um trecho do Livro dos Espíritos, primeiro Livro da Codificação Espírita feita por Allan Kardec, que estará sendo postado aos poucos no Blog Agenda Esotérica.
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