VII _ Progressão dos Espíritos - Parte I
114. Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que procuram melhorar-se?
— Os Espíritos mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior.
115. Uns Espíritos foram criados bons e outros maus?
— Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem, o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida.
115. a) Segundo isto, os Espíritos, na sua origem, se assemelham a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida?
— Sim, a comparação é justa: a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.
116. Há Espíritos que ficarão perpetuamente nas classes inferiores?
— Não; todos se tomarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque, como já dissemos uma vez, um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Querias que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que vós mesmos?
117. Depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a perfeição?
— Certamente. Eles chegam mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa que uma rebelde?
118. Os Espíritos podem degenerar?
— Não. À medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito concluiu uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar.
119. Deus pode livrar os Espíritos das provas que devem sofrer para chegar à primeira ordem?
— Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar os benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária à sua personalidade, e a missão que lhes cabe nos diferentes graus está nos desígnios da Providência, com vistas à harmonia do Universo.
Comentário de Kardec: Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados, um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual, existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.
Esse é um trecho do Livro dos Espíritos, primeiro Livro da Codificação Espírita feita por Allan Kardec, que estará sendo postado aos poucos no Blog Agenda Esotérica.
Continua...
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